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A crise Hídrica brasileira- Os onze períodos de seca no Brasil

Embora o Brasil possua 8% de toda a água doce existente no planeta, a crise de abastecimento de água já é uma realidade brasileira e os seus efeitos já podem ser observados em diversas localidades.
2014 não foi um ano bom no quesito climático. A maior cidade brasileira -São Paulo- enfrentou o pior período de estiagem desde 1964 e o Nordeste entrou em seu segundo ano de uma seca gravíssima, a pior dos últimos 50 anos, com cerca de 1400 municípios afetados. Grandes secas, principalmente na região conhecida como Polígono das Secas (que abrange municípios dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais), são comuns na história do Brasil. O problema é agravado pelo aquecimento global, o desmatamento e o El Nino, fenômenos que tendem a aumentar as áreas secas em todo o mundo.

No entanto, logo no início de 2015 os efeitos da estiagem parecem não dá sinais de melhoras na região Sudeste os reservatórios continuam com sua capacidade mínima e a mesma situação é observada nos reservatórios do Nordeste, esse quadro vem influenciando diretamente na atuação das hidroelétricas responsáveis por boa parte da geração de energia no Brasil.
Agora vamos relembrar os períodos mais críticos que o Brasil passou devido à estiagem prolongada.
1723/1727
Essa foi uma das primeiras grandes secas registradas que atingiu a região Nordeste – principalmente a área em que, na época, ficava a Capitania de Pernambuco. Grupos de índios fugiram das serras e invadiram fazendas. Além da seca, uma peste assolou a região no mesmo período, causando uma enorme mortalidade nas populações mais frágeis, especialmente os escravos.

1776/1778
Essa foi mais uma seca combinada com um surto de doença, no caso, a varíola. A taxa de mortalidade foi altíssima, não só de pessoas, mas também de animais, principalmente o gado. A solução encontrada pela Corte Portuguesa foi repartir as terras adjacentes aos rios entre os povos flagelados.

1877 / 1879

Essa seca, que atingiu todo o Nordeste, mas especialmente o Ceará, causou a morte de 500 mil pessoas. O fenômeno também gerou uma grande migração: 120 mil nordestinos fugiram para a Amazônia e 68 mil partiram para outros estados brasileiros. O governante na época, o Imperador Pedro II, visitou o Nordeste e prometeu vender até a última joia da Coroa para amenizar o problema. Não preciso nem dizer que o pessoal está até hoje esperando essa grana…

1919/1921
Essa seca muito grave, que atingiu principalmente o sertão de Pernambuco, fez aumentar muito o êxodo rural do Nordeste. A imprensa e a opinião pública pressionaram e exigiram uma atuação eficaz do governo para resolver o drama das famílias afetadas. Com isso, em 1920 foi criada a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis do Nordeste Brasileiro, mantida com 2% da receita tributária anual da União. Apesar disso, nada foi feito para efetivamente resolver o problema.

1934/1936
Essa foi uma das maiores secas enfrentadas pelo Brasil (que se tem registro). O longo período de estiagem não ficou restrito ao Nordeste: além de afetar nove estados na região, Minas Gerais e São Paulo também sofreram com a falta de chuvas. Depois disso, o problema no sertão nordestino passou a ser encarado como um problema nacional.

1963/1964
A seca que começou em 1963 foi gravíssima. A estiagem bateu recordes em várias estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal. Até a Amazônia sofreu com falta de chuva. Além disso, uma onda de calor muito forte assolou o país.

1979/1985
Essa foi uma das secas mais prolongadas da história do Nordeste: durou 7 anos. O auge do problema foi em 1981. Na época, o ditador-presidente João Figueiredo chegou a fazer uma declaração dizendo que só restava rezar para chover. A estiagem deixou um rastro de miséria e fome: lavouras perdidas, animais mortos, saques à feiras e armazéns por uma população faminta e desesperada. No período, 3.5 milhões de pessoas morreram, a maioria crianças sofrendo de desnutrição.

1997/1999
A década de 90 sofreu com os efeitos do fenômeno El Niño, que causa o aumento das temperaturas das águas e traz várias consequências para o clima – entre eles, o agravamento de secas no Nordeste. A seca do final dessa década foi terrível. Foram 5 milhões de pessoas afetadas, saques a depósitos de comida devido às mortes de animais e lavouras perdidas. A seca foi tão grave que Recife passou a receber água encanada apenas uma vez por semana.

2001
A seca de 2001 foi um prolongamento do período de seca do final da década de 90, que teve uma trégua em 2000. O Rio São Francisco sofreu com a pior falta de chuvas de sua história, causando uma diminuição drástica do volume de suas águas. Para piorar a situação, a falta de chuvas em todo o Brasil contribuiu para a pior crise energética que o país já viveu, somando a estiagem prolongada à falta de investimentos no setor.

2005
A seca que afetou boa parte da região Amazônica, especialmente o setor sudoeste do Amazonas e Estado do Acre, caracteriza-se por possuir o menor índice pluviométrico nos últimos 40 anos, ultrapassando períodos como os de 1925-1926, 1968-1969 e 1997-1998, até então considerados os mais intensos.
Ao se analisar os dados de precipitação no setor sul da Amazônia, verificou-se que durante a estação chuvosa de 2005, que na realidade estendeu-se de dezembro de 2004 a março de 2005, as chuvas apresentaram-se com valores de até 350 mm menores que a média histórica.

2007/2008
Em 2007, ocorreu a pior seca da história no norte de Minas Gerais, região do estado de clima semiárido. Não choveu nada entre março e novembro de 2007 e as precipitações abaixo da média continuaram durante o ano seguinte. No total, foram 15 meses de estiagem. Durante o período, foram registrados quase 54 mil focos de incêndio e mais de 190 mil mortes de cabeças de gado. Centenas de municípios decretaram estado de emergência.

Chegamos ao fim desse breve mergulho na história e nos perguntamos se o ano de 2015 será tão extremo quanto o ano de 2014.



Artigo elaborado pela redação do Observatório.

Referências
Inpe
Super Interessante


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