Historiografia: é o registro escrito da história. Podemos dizer que é a arte de escrever e registrar os eventos do passado.
introdução
Diante
das transformações mundiais registradas em ritmos cada vez mais
acelerados, diante da renovação das “permanências”, dos valores e ações
do homem, diante do resgate do tempo e do espaço, a escrita da história
depara-se com um novo desafio e uma feliz proposta disposta a abordar as
mais diversas intervenções do homem ou dos homens em diferentes
períodos e circunstâncias, sem privilegiar personagens “ilustres”.
Existe uma tendência consciente e decidida em problematizar e considerar
as relações estabelecidas também no passado das resistências, das
manifestações, dos personagens “iletrados”. Essa tendência procura
visitar o “instante” e o “momento”, objetivando o sentido do tempo e das
manifestações do homem neste mesmo tempo em relação á outros tempos.
O
termo historiografia também é utilizado para definir os estudos
críticos feitos sobre aquilo que foi escrito sobre a História. Um
exemplo: se um historiador faz um estudo crítico sobre o trabalho feito
por Heródoto (historiador que viveu na Grécia Antiga e escreveu sobre o
período), então ele está produzindo um trabalho de historiografia.
Principais correntes da historiografia:
- Positivismo: atualmente pouco seguida, privilegia o estudo cronológico dos fatos históricos, sem fazer análises críticas.
- Materialismo histórico: elaborado por Karl Marx, enfatiza o aspecto econômico da sociedade no estudo da História.
-
Escola dos Annales: criada em 1929, pelos historiadores franceses Marc
Bloch e Lucien Febvre. Incorporou na História aspectos da Antropologia,
Psicologia, Geografia e Filosofia. É também conhecida como escola das
“Mentalidades”.
Você sabia?
O historiógrafo é o profissional que se dedica ao estudo da historiografia.
Idade Média
O venerável Beda.
A
historiografia medieval é feita principalmente por hagiógrafos
,cronistas, membros do clero episcopal próximos ao poder, ou
pelosmonges. Escrevem-se genealogias, áridos anais, listas cronológicas
de acontecimentos ocorridos nos reinados dos seus soberanos (anais
reais) ou da sucessão de abades (anais monásticos); "vidas" (biografias)
de carácter edificante, como as dos santos Merovíngios, ou, mais tarde,
dos reis da França), e "histórias" que contam o nascimento de uma nação
cristã, exaltam uma dinastia ou, inversamente, fustigam os ignóbeis de
uma perspectiva religiosa. Esta história, de que são exemplos Beda, o
venerável ("História Ecclesiástica Gentis Anglorum", século VIII) ou
Isidoro de Sevilha ("Etimologias" e "Historia Gothorum"), é
providencialista, de inspiração agostiniana, e circunscreve as acções
dos homens nos desígnios de Deus. É preciso esperar até ao século XIV
para que os cronistas se interessem pelo povo, o grande ausente da
produção deste período, como por exemplo, a do francês Jean Froissart ou
do florentino Matteo Villani.
Idade Moderna
Folha de rosto de As vidas, de Giorgio Vasari
Durante
o Renascimento, o Humanismo trouxe um gosto renovado pelo estudo dos
textos antigos, gregos ou latinos, mas também pelo estudo de novos
suportes: as inscrições (epigrafia); asmoedas (numismática) ou as
cartas, diplomas e outros documentos (diplomática). Estas novas ciências
auxiliares da era moderna contribuíram para enriquecer os métodos dos
historiadores: em1681 Dom Mabillon indicou os critérios para determinar a
autenticidade de um registro, pela comparação de diferentes fontes em
"De Re Diplomática". Em Nápoles, mais de duzentos anos antes, Lorenzo
Valla, a serviço de Afonso V de Aragão tinha conseguido demonstrar a
falsidade da Doação de Constantino. Giorgio Vasari com a obra "As vidas"
ofereceu, por sua vez, uma fonte e um método historiográfico para a
História da Arte.
Neste
período a história não é diferente da geografia e nem mesmo das
ciências naturais. É dividida em duas partes: a história geral
(actualmente denominada simplesmente como "história") e a história
natural (actualmente as ciências naturais e a geografia). Este sentido
amplo de história pode ser explicado pela etimologia da palavra (ver
História).
A
questão da unidade do reino que se colocou pelas guerras de religião na
França no século XVI, deu origem a trabalhos de historiadores que
pertencem à corrente chamada de "história perfeita", que mostra que a
unidade política e religiosa da França moderna é necessária, ao
derivar-se de origens Gaulesas (Etienne Pasquier, "Recherches de la
France"). O providencialismo de autores como Jacques-Bénigne Bossuet
("Discurso sobre a história universal", 1681), tende a desvalorizar o
significado de qualquer mudança histórica.
Ao
mesmo tempo, a história se mostra como um instrumento de poder: põe-se
ao serviço dos príncipes, desde Nicolau Maquiavel até aospanegiristas de
Luís XIV de França, entre os quais se incluiu Jean Racine.
Historiografia espanhola medieval e moderna[editar | editar código-fonte]
Embora
não se trate de nada de novo, e a historiografia espanhola é, talvez, o
mais completo exemplo de um esforço secular para manter a continuidade
da memória escrita do passado, que tão bons serviços prestou desde as
crónicas medievais que justificavam a Reconquista, para reforçar o poder
dos reis nos vários reinos cristãos.
As crónicas
"Estoria de España", de Afonso X, século XIII.
Para
o Principado das Astúrias, o Reino de Leão e o Reino de Castela
encadeiam-se sucessivamente em um conjunto abrangente, que realmente
começa com duas crónicas redigidas no Al-Andalus: a "Crónica
bizantina-árabe" (741) e a "Crónica Moçárabe"(754), que precedem uma
crónica actualmente perdida do reinado de Afonso II e estabelecem a sua
continuidade com as de Afonso III ao final doséculo IX ("Crónica
Albeldense", "Crónica Rotense", "Crónica Profética" e "Crónica
Sebastianense"), a de Sampiro (do reinado deBermudo II de Leão, por
volta do ano 1000), as do século XII ("Crónica Silense" ou do monge
anónimo de Santo Domingo de Silos, por volta de 1110, a de Pelayo, Bispo
de Oviedo, a "Crónica do Imperador Afonso VII" e a do monge anónimo de
Nájera, estas três do final do século), as do reinado de Fernando III de
Leão e Castela ("Chronicon mundi" de Lucas, bispo de Tui, "Crónica
Latina dos reis de Castela" de Juan, bispo de Osma e "De rebus
Hispaniae" de Rodrigo Jiménez de Rada, arcebispo de Toledo), as de
Afonso X de Leão e Castela("História de Espanha", editado pelo filólogo
Ramón Menéndez Pidal com o título de "Primeira Crónica General", e a
"Grande e General Estoria"); chegando ao século XIV, em que se destacam
as "Crónicas" de Pedro López de Ayala ("Crónica do rei D. Pedro", a de
Henrique II, a de João I e a inacabada de Henrique III), mais sóbrias e
próximas aos factos que as suas contemporâneas europeias, embora o seu
objectivo principal seja o da auto-justificação de seu autor, Chanceler
de Castela, que compôs ainda o "Rimado de Palacio", onde descreve os
seus contemporâneos.
No
século XV, a recompilação de crónicas multiplicou-se: a "Suma de
crónicas de España", de Pablo Garcia de Santa Maria (até 1412); "Crónica
de Juan II" (sobre eventos de 1406 a 1434) por Álvar Garcia de Santa
Maria (c. 1370 - 1460), irmão de Pablo (e retomada com o nome de
"Crónica del Halconero" por Pedro Carrillo de Huete, sendo refundida por
Lope de Barrientos); Alfonso Martinez de Toledo(arcipreste de Talavera)
escreveu em 1443 uma "Atalaia das Crónicas"; a "Crónica" de Álvaro de
Luna(1453), é atribuída a Gonzalo Chacon; Diego de Valera escreveu a
"Crónica abreviada de Espanha" ou "Crónica Valeriana" (1482), que
terminou no reinado de João II, o "Memorial de diversas hazañas", o de
Henrique IV (1486 - 1487) e a "Crónica de los Reyes Católicos" (até
1488).17
Nos
outros reinos cristãos peninsulares, a literatura cronística é algo
mais tardia, mas produz a primeira história geral da Espanha em uma
língua romântica: o "Liber regum", redigido entre 1194 e 1211 em
Aragonês, que conta a história dos distintos reinos cristãos desde as
origens míticas da história peninsular.18 O Condado de Aragão produziu
em851 a "Passio beatissimarum birginum Nunilonis atque Alodie". E do
posterior Reino de Aragão dispomos dos "Anales de San Juan de la Peña",
do século XII, que foram copiados na "crónica homónima". Do mesmo século
data uma "Breve história ribagorzana de los reyes de Aragón".19
Para
a Coroa de Aragão, após as "Gestas veterum Comitatum Barcinonensium e
Regum Aragonensium" (iniciada no século XII e continuada até ao século
XIV), destaca-se o "Llibre dels feyts" ou "Crónica de Jaime I o
Conquistador"; a "Crónica de San Juan de la Peña" ou de "Pedro, o
Ceremonioso"; a Crônica de Muntaner, que abrange o período de1207 a
1328, incluindo a famosa expedição dos Almogávares, da qual participou, e
a de Bernat Desclot "Llibre del rei En Pere d'Aragó e dels seus
antecessors passats" (segunda metade do século XIII).
Completam
o quadro peninsular a "Crónica de los Reyes de Navarra" (1454), do
Príncipe de Viana (composta para justificar a sua aspiração ao trono), e
os "Annales Portugaleses Veteres" (987-1079).
Século XVI
Argensola, em gravura de Luis Paret para El Parnaso Español.
Após
a unificação dos Reis Católicos, já na Idade Moderna, continua com a
mesma função, explicitamente, a monumental "História da Espanha", do
Padre Mariana ("De Rebus Hispaniae libri XX", 1592, aumentada para
trinta livros em sua própria tradução para o castelhano em 1601). Este
religioso tornou-se célebre por sua defesa do tiranicídio em "De Rege et
regendi ratione" escrito para a educação de Filipe III de Espanha.
Outros
cronistas do século XVI foram Florián de Ocampo e Ambrosio de Morales
(continuando a "Crónica General" em cinco livros, iniciada por aquele);
Jerónimo Zurita ("Anales de la Corona de Aragón") e Esteban de Garibay
("Compendio Historial de las Chronicas y Universal Historia de todos los
reynos de España").
Século XVII
A
historiografia barroca inclui manipulações históricas fantasiosas, como
os "plomos del Sacromonte" ou os falsos cronicões "Ramón de la
Higuera". Fray Prudencio de Sandoval continua a crónica de Ocampo e
Morales e redige uma "Historia de la vida y hechos del Emperador Carlos
V"; Pedro de Salazar y Mendoza, uma "Origen de las dignidades seglares
de Castilla y León" e Bartolomé Leonardo de Argensola, os "Anales de
Aragón".
Em
fins do século XVII, a reflexão sobre a própria historiografia surge na
Espanha como uma necessidade decorrente do acúmulo de tão vasto corpo
cronístico, sendo a sua primeira tentativa a "Noticia y juicio de los
más principales historiadores de España, de Gaspar Ibáñez de Segovia,
marquês de Mondéjar (publicado após a sua morte em 1708).
Outros géneros historiográficos[editar | editar código-fonte]
Outros
géneros historiográficos também foram cultivados desde a Idade Média,
como o tratamento de uma figura isolada (o ciclo de El Cid) e, já no
século XV, as memórias (Leonor Lopez de Cordoba, circa 1400), a
biografia ("El Victorial" de Gutierre Díez de Games, "Generaciones y
Semblanzas" de Fernán Pérez de Guzmán) e a relação de um evento pontual
como o "Libro del paso honroso de Suero de Quiñones", de Rodríguez de
Lena. Os livros de viagens como o de Pedro Tafur o de Ruy González de
Clavijo (que foi embaixador diante de Tamerlão), também proporcionam
valiosas informações.
O al-Ândalus
Na
primeira metade do século X da Era cristã (IV da Hégira), Muhammad
al-Razi redigiu a primeira história geral da península Ibérica, "Akhbār
mulūk al-Andalus" continuada por outros al-Razi: o seu filho Ahmad
(conhecido como o "Mouro Rasis") e o deste (Isa ben Ahmad). Esta
história foi divulgada nos reinos cristãos com o nome de "Crónica del
Moro Rasis", que foi utilizada por Jiménez de Rada.
Aríb
de Córdoba, secretário de Al-Hakam II, escreveu uma Crónica de seu
governo, e no mesmo reinado Muhammad al-Jusaní (morto em 361/971) o
"Kitáb al-qudá bi-Qurtuba" história dos cádis (juízes) de Córdoba.
À
época de Almançor escreveu-se uma história controladíssima, como é a de
Ibn Asim, significativamente intitulada de "al-Ma'atir al-camiriyya"
("Gestas amiríes"), obra que apenas conhecemos por referências.
Entre
os historiadores do século XI (V da Hégira), na idade de ouro que
coincidiu com a desagregação do califado e o surgimento dos reinos
taifa, os cordoveses Ibn Hazm("Fisal" ou "Historia crítica de las
religiones, sectas y escuelas") e Ibn Hayyán ("Muqtabis el Matín").
De
família Andalus emigrada, o tunisino Ibn Khaldun (fim do século XIV,
início do XV), tem sido muito valorizado como um dos predecessores da
filosofia da história e por suas abordagens inovadoras nas áreas da
economia e da sociologia no seu "al-Muqaddimah" ("História").
Já
fora do período da presença muçulmana no Al-Andalus completa a
historiografia islâmica clássica Al-Maqqari, com o seu "Nafh al-Tib"
(séculos XVI-XVII), que reúne muitas das fontes anteriores. As fontes
muçulmanas, em geral, são menos conhecidas, e incluem aquelas
posteriores à Reconquista, como a pouco conhecida "História" de Ibn
Idhari(século XVI).20
Referências
Fotos: Wikipédia
Consulta no Diccionario de la Real Academia Española acessível em :[1]. Entrada de 'historiografia': [2]
ORTEGA Y GASSET, José (1928): La "Filosofia de la Historia" de Hegel y la Historiologia, in Obras Completas. Vol. IV, Madrid: Taurus, 2005. ISBN 84-306-0592-4.
De fato, há bibliografia sobre o tema: ver BOLITO, Harold. Japón Meiji. Madrid: Akal, 1991. ISBN 84-7600-718-3. Uma rápida visão pode ser obtida em: BONIFAZI, MauroJapón: Revolución, occidentalización y milagro económico em [3]
o Arquivo das Índias pode ser acessado em: [4]
A obra de Las Casas encontra-se acessível em: [5].
Disponível para consulta, com as ilustrações originais, na Biblioteca Nacional Dinamarquesa em: [6].
↑ Claude Lévi-Strauss faz
uma análise, do ponto de vista antropológico, do significado destas
noções do tempo, também desde uma perspectiva diacrónica e sincrónica;
ver artigo de MARTÍNEZ CASAS, Regina (2003) De la orilla de la eternidad informacional a la atemporalidad del ritual, acessível em: [7].
Ver: El
tiempo totémico y el tiempo del sueño o de los antepasados de los
aborígenes australianos: 'A la manera de los primitivos, trascender lo
real' , disponível na Universitat Pompeu Fabra em: [8].
THOMPSON, E. P. (1963-1989). La formación de la clase obrera en Inglaterra. Barcelona: Crítica.
Existe um grupo internacional de historiadores interessados na renovação do paradigma materialista, muito activo em torno de Carlos Barros, da Universidade de Santiago de Compostela (com a presença de Bartolomé Clavero e muitos outros), que organiza congressos e mantém o Website Historia a Debate, disponível para consulta em [9].
da bíblia judaica-crista ( adao e eva) ao the urantia book( andon e fonta)...
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